Finalmente arranjei coragem para fazer um balanço do último ano.
Foi um ano emocionalmente puxado e confuso. Diria até que desde o final de 2005 a minha vida tem sido um verdadeiro turbilhão emocional.
Foi o dar passos maiores que as pernas sem ter certezas, foi o acabar de um relacionamento longo e sério e o consequente deitar abaixo do castelo de cartas. Foi o arranjar um novo trabalho, o conhecer novas pessoas, descobrir a vontade de viver e fazer coisas que ainda não tinha vivido o suficiente. Foi o quebrar triplo do mesmo e único coração. Foi o ver sofrer e perder uma das pessoas mais importantes da minha vida.
É um culminar de tantas situações com intensidades tão diferentes mas todas com o seu grau de profundidade.
Talvez tenha sido o mix de conhecer novas pessoas, mais novas, aliado a doença do meu pai que me tenha feito repensar na minha vida.
O terminar dessa relação longa talvez tenha sido devido a esse mix combinado com a incerteza de que o passo que estaria a dar fosse o mais correcto. Não é que os sentimentos não estivessem lá mas faltava-me a certeza de que estaria preparada para essa fase da minha vida.
E de facto não estava. Sinto que estou numa fase em que me apetece curtir a vida, curtir os amigos, fazer as coisas por gosto e não por obrigação e gosto do facto de não ter actualmente qualquer tipo de responsabilidade e de pessoas dependentes de mim.
Mas claro que nunca estamos em pleno controlo da nossa vida e é quando decidimos que queremos ficar quietinhos no nosso canto que a vida nos reserva surpresas e nos coloca pessoas à nossa frente só para virar tudo do avesso.
À falta de uma pessoa foram duas. Com feitios diferentes mas com uma característica em comum: o não saber não só o que se quer quanto mais o que não se quer! Se por um lado um era assumidamente um cabrão e tentou ser coerente dentro da sua incoerência o outro veio, quando eu menos esperava, cheio de certezas e de palavras que me fizeram reabrir o coração. Se por um lado um me falhou como amigo às vezes, o outro esteve lá em momentos muito difíceis para mim..
Isto leva-me a chegar à conclusão que os homens são definitivamente mais complicados do que as mulheres. Afinal eu é que tinha e tenho o coração partido mas esforço-me por manter a relação de amizade. Enfim... Ou são mais complicados ou se calhar eu deixava-me mas é de meter com miúdos e passava-me a interessar por homens no sentido literal, homens que sabem o que querem, que estão resolvidos com a vida e com os sentimentos, sem traumas nem medos.
O meu maior defeito é definitivamente a minha maior qualidade. É o ser demasiado emocional e consequentemente transparente. Não sei gostar a meio gás, não sei estar mais ou menos nas coisas. Quando gosto, gosto mesmo e dedico-me de alma e coração.
Mas sou assim em tudo. Sou assim tanto no amor como na amizade e até mesmo no trabalho.
Mas esta qualidade de gostar das pessoas e das coisas e de pensar nelas em primeiro lugar traz dissabores. Uma das piores consequências talvez seja as pessoas não me darem o devido valor e tomarem-me por garantida. Porque é que as pessoas só valorizam as pessoas e as coisas quando as perdem?
O que vale é que o que não nos mata torna-nos mais fortes. Se não sou uma super-mulher parece que é para aí que caminho em passos largos.
Não é que estas feridas no coração não nos derrubem um pouco e não magoem mas no meio de outras coisas são nadas. Comparado com a doença e a morte do meu Pai esses deslizes não têm qualquer importância. O pior e o difícil de lidar é que as coisas não vieram uma de cada vez, vieram todas ao mesmo tempo.
Não posso negar que talvez a doença do meu Pai me tenha deixado mais frágil e mais carente e se calhar com mais necessidade de mimo, de afecto e de amor. E o facto disso me ter faltado talvez tenha tido um maior e mais profundo impacto na minha vida não pelo o partir do coração por si só mas porque aconteceu numa altura em que precisava tanto de colo.
Não é fácil para mim falar da doença nem da morte do meu Pai. A relação com o meu Pai em vida nunca foi própriamente muito próxima, no sentido físico de proximidade. Aliás diria até que é estranho como é que apesar de não ter sido educada e criada pelo meu pai nem ter estado tanto tempo com ele sou mais parecida com ele do que com a minha mãe. E esta parecença não é só física, é de tiques, de humores, de comportamentos...
É estranho mas é bom. É bom saber que há tantos bocadinhos do meu Pai em mim e que vão comigo para todo o lado mesmo sem ele estar cá.
Tenho no entanto a certeza que desta vez aprendi a minha lição. Quando o Mr. Bats morreu senti um peso dentro de mim, o sentimento de culpa por não ter estado presente ou de ter dito coisas que devia. A morte do Mr. Bats foi definitivamente uma lesson learned.
Não deixei que o mesmo acontecesse no caso do meu Pai. Disse-lhe sempre o quanto gostava dele, dei-lhe sempre força. Tenho a certeza que o meu Pai partiu sabendo o quanto eu o amava.
Pior do que a doença do meu Pai foi vê-lo sofrer sem puder dizer ou fazer qualquer coisa para ajudar, sem puder fazer nada para que aquilo tudo acabasse...
É muito difícil ver alguém de quem gosto sofrer... seja esse sofrimento de que tipo for.
Apesar de sentir que com a morte do meu Pai morreu um bocadinho de mim ao mesmo tempo gosto de sentir que há sempre algo dele comigo e gosto de sentir o fortalecimento da minha relação com o meu irmão e madrasta.
Mas são dores que se têm cá dentro e que são tão difíceis de pôr em papel. Como é que se explica a alguém o quanto dói?
Não foram momentos fáceis mas fizeram-me crescer. Se por um lado dói perder alguém também dói termos de pôr a nossa dor de parte para aguentar o barco e dar apoio a irmãos e familiares.
Às vezes acho que quis ser forte demais e depois cai.. e essa queda doeu... doeu muito.
Não me sito revoltada com a vida mas se calhar gostava de agora ter um momento de calma ou um momento bom e genuíno que me preenchesse este vazio emocional.
Ontem estava a fazer zapping e de repente tropecei numa série, que para ser sincera nem sei como se chama, mas de repente há uma das personagens que diz que na vida não há atalhos, não há atalhos para a dor, para o sofrimento, para a alegria.
As coisas boas e más têm de ser vividas, têm de ser sentidas não só para crescermos como também para lhes darmos valor.
In life there are no shortcuts... e eu sei que estou a sentir uma dor que tem de ser sentida....
Sei que não há atalhos e que temos de passar por estas coisas todas, boas e más, sei que fazem parte do me crescimento e da minha maturidade mas não posso deixar de ter saudade de ter momentos verdadeiros, sentidos e intensos de felicidade......
Foi um ano emocionalmente puxado e confuso. Diria até que desde o final de 2005 a minha vida tem sido um verdadeiro turbilhão emocional.
Foi o dar passos maiores que as pernas sem ter certezas, foi o acabar de um relacionamento longo e sério e o consequente deitar abaixo do castelo de cartas. Foi o arranjar um novo trabalho, o conhecer novas pessoas, descobrir a vontade de viver e fazer coisas que ainda não tinha vivido o suficiente. Foi o quebrar triplo do mesmo e único coração. Foi o ver sofrer e perder uma das pessoas mais importantes da minha vida.
É um culminar de tantas situações com intensidades tão diferentes mas todas com o seu grau de profundidade.
Talvez tenha sido o mix de conhecer novas pessoas, mais novas, aliado a doença do meu pai que me tenha feito repensar na minha vida.
O terminar dessa relação longa talvez tenha sido devido a esse mix combinado com a incerteza de que o passo que estaria a dar fosse o mais correcto. Não é que os sentimentos não estivessem lá mas faltava-me a certeza de que estaria preparada para essa fase da minha vida.
E de facto não estava. Sinto que estou numa fase em que me apetece curtir a vida, curtir os amigos, fazer as coisas por gosto e não por obrigação e gosto do facto de não ter actualmente qualquer tipo de responsabilidade e de pessoas dependentes de mim.
Mas claro que nunca estamos em pleno controlo da nossa vida e é quando decidimos que queremos ficar quietinhos no nosso canto que a vida nos reserva surpresas e nos coloca pessoas à nossa frente só para virar tudo do avesso.
À falta de uma pessoa foram duas. Com feitios diferentes mas com uma característica em comum: o não saber não só o que se quer quanto mais o que não se quer! Se por um lado um era assumidamente um cabrão e tentou ser coerente dentro da sua incoerência o outro veio, quando eu menos esperava, cheio de certezas e de palavras que me fizeram reabrir o coração. Se por um lado um me falhou como amigo às vezes, o outro esteve lá em momentos muito difíceis para mim..
Isto leva-me a chegar à conclusão que os homens são definitivamente mais complicados do que as mulheres. Afinal eu é que tinha e tenho o coração partido mas esforço-me por manter a relação de amizade. Enfim... Ou são mais complicados ou se calhar eu deixava-me mas é de meter com miúdos e passava-me a interessar por homens no sentido literal, homens que sabem o que querem, que estão resolvidos com a vida e com os sentimentos, sem traumas nem medos.
O meu maior defeito é definitivamente a minha maior qualidade. É o ser demasiado emocional e consequentemente transparente. Não sei gostar a meio gás, não sei estar mais ou menos nas coisas. Quando gosto, gosto mesmo e dedico-me de alma e coração.
Mas sou assim em tudo. Sou assim tanto no amor como na amizade e até mesmo no trabalho.
Mas esta qualidade de gostar das pessoas e das coisas e de pensar nelas em primeiro lugar traz dissabores. Uma das piores consequências talvez seja as pessoas não me darem o devido valor e tomarem-me por garantida. Porque é que as pessoas só valorizam as pessoas e as coisas quando as perdem?
O que vale é que o que não nos mata torna-nos mais fortes. Se não sou uma super-mulher parece que é para aí que caminho em passos largos.
Não é que estas feridas no coração não nos derrubem um pouco e não magoem mas no meio de outras coisas são nadas. Comparado com a doença e a morte do meu Pai esses deslizes não têm qualquer importância. O pior e o difícil de lidar é que as coisas não vieram uma de cada vez, vieram todas ao mesmo tempo.
Não posso negar que talvez a doença do meu Pai me tenha deixado mais frágil e mais carente e se calhar com mais necessidade de mimo, de afecto e de amor. E o facto disso me ter faltado talvez tenha tido um maior e mais profundo impacto na minha vida não pelo o partir do coração por si só mas porque aconteceu numa altura em que precisava tanto de colo.
Não é fácil para mim falar da doença nem da morte do meu Pai. A relação com o meu Pai em vida nunca foi própriamente muito próxima, no sentido físico de proximidade. Aliás diria até que é estranho como é que apesar de não ter sido educada e criada pelo meu pai nem ter estado tanto tempo com ele sou mais parecida com ele do que com a minha mãe. E esta parecença não é só física, é de tiques, de humores, de comportamentos...
É estranho mas é bom. É bom saber que há tantos bocadinhos do meu Pai em mim e que vão comigo para todo o lado mesmo sem ele estar cá.
Tenho no entanto a certeza que desta vez aprendi a minha lição. Quando o Mr. Bats morreu senti um peso dentro de mim, o sentimento de culpa por não ter estado presente ou de ter dito coisas que devia. A morte do Mr. Bats foi definitivamente uma lesson learned.
Não deixei que o mesmo acontecesse no caso do meu Pai. Disse-lhe sempre o quanto gostava dele, dei-lhe sempre força. Tenho a certeza que o meu Pai partiu sabendo o quanto eu o amava.
Pior do que a doença do meu Pai foi vê-lo sofrer sem puder dizer ou fazer qualquer coisa para ajudar, sem puder fazer nada para que aquilo tudo acabasse...
É muito difícil ver alguém de quem gosto sofrer... seja esse sofrimento de que tipo for.
Apesar de sentir que com a morte do meu Pai morreu um bocadinho de mim ao mesmo tempo gosto de sentir que há sempre algo dele comigo e gosto de sentir o fortalecimento da minha relação com o meu irmão e madrasta.
Mas são dores que se têm cá dentro e que são tão difíceis de pôr em papel. Como é que se explica a alguém o quanto dói?
Não foram momentos fáceis mas fizeram-me crescer. Se por um lado dói perder alguém também dói termos de pôr a nossa dor de parte para aguentar o barco e dar apoio a irmãos e familiares.
Às vezes acho que quis ser forte demais e depois cai.. e essa queda doeu... doeu muito.
Não me sito revoltada com a vida mas se calhar gostava de agora ter um momento de calma ou um momento bom e genuíno que me preenchesse este vazio emocional.
Ontem estava a fazer zapping e de repente tropecei numa série, que para ser sincera nem sei como se chama, mas de repente há uma das personagens que diz que na vida não há atalhos, não há atalhos para a dor, para o sofrimento, para a alegria.
As coisas boas e más têm de ser vividas, têm de ser sentidas não só para crescermos como também para lhes darmos valor.
In life there are no shortcuts... e eu sei que estou a sentir uma dor que tem de ser sentida....
Sei que não há atalhos e que temos de passar por estas coisas todas, boas e más, sei que fazem parte do me crescimento e da minha maturidade mas não posso deixar de ter saudade de ter momentos verdadeiros, sentidos e intensos de felicidade......
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